O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reviu de 2,7% para 2% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto em 2019. A estimativa foi apontada pelo Grupo Conjuntura do Instituto, em estudo divulgado hoje (28), no qual os primeiros indicadores do ano mostram que a recuperação da atividade econômica permanece lenta. As projeções para inflação também foram reduzidas de 4,10% para 3,85%.
Segundo o levantamento, dada a limitação para a atuação das políticas fiscal e monetária, o estímulo de curto prazo à economia fica condicionado à melhora nas expectativas e à implementação de políticas de aumento de produtividade, como novas concessões na área de infraestrutura e a medidas na área de crédito.
A análise aponta que a aceleração do crescimento trimestral ao longo do ano, condição necessária para atingir o crescimento anual esperado de 2%, se dará num cenário em que a reforma da Previdência é aprovada com impacto fiscal relevante em meados de 2019.
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Na avaliação dos pesquisadores, o crescimento do PIB será liderado pelo bom desempenho da absorção doméstica. Embora não seja esperada uma melhora significativa dos indicadores de mercado de trabalho este ano, o consumo das famílias deverá crescer 2,6% no período. Com um ambiente econômico caracterizado por um mercado doméstico mais aquecido e níveis de incerteza decrescentes, a recuperação dos indicadores de confiança dos empresários deverá se traduzir em mais investimentos ao longo do ano – a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede os investimentos da indústria, deve fechar 2019 com expansão de 4,7%, mantida a baixa participação do setor da construção civil.
A previsão para o PIB agrícola permanece a mesma, em 0,4%, considerando as perspectivas de safra do ano. O PIB industrial, estimado em 1,8%, reflete a lenta retomada dos índices mensais de atividade industrial. Para o PIB de serviços, a previsão é de crescimento de 2,2%. Em relação às exportações, o Ipea estima um crescimento de 4% no ano.
Espaço fiscal
O Grupo de Conjuntura também analisa o impacto da Previdência no espaço fiscal – diferença entre o teto dos gastos e as despesas obrigatórias e incomprimíveis – e os possíveis efeitos da reforma proposta pelo governo federal, em termos de economia para o país. Caso a reforma seja aprovada na íntegra pelo Congresso, a margem fiscal aumentará, em média, cerca de R$ 40 bilhões por ano em termos reais (já descontada a inflação) no período 2020-2023. Se a reforma não ocorrer, o espaço fiscal passará de R$ 151 bilhões neste ano para R$ 51 bilhões em 2023.