Dívida do brasileiro é de curto prazo e juro alto

 - REVISTA MAISJR

(Crédito: Divulgação) 

O comprometimento da renda do brasileiro com pagamento de juros e amortizações é o dobro da média registrada em uma lista de 17 países desenvolvidos – 12 europeus, além de Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Coreia do Sul. É o que revela estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a partir de dados divulgados pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), que mostra a composição do endividamento dos brasileiros e explica por que se compromete tanto a renda no país, apesar de o montante dessa dívida não ser tão alto.

De acordo com cálculos do BIS, a média de comprometimento da renda com pagamento de juros e amortizações nos 17 países selecionados é de 9,8%, enquanto no Brasil chega a 20%.  “Os brasileiros preferem gastar mais com cartão de crédito do que investir em imóveis, por exemplo, o que contribui para um aumento da taxa de juros, pela falta de garantia típica desse tipo de crédito”, explica Estêvão Kopschitz, pesquisador do Ipea.

“Já a dívida mais longa e com mais garantias tem menos impacto no orçamento doméstico do que a mais curta, porque a amortização é diluída em muitos anos e a qualidade da garantia permite que os juros sejam mais baixos”, explica.

De acordo com o estudo, o endividamento das famílias é uma forma de movimentar a economia e fazer com que os brasileiros tenham acesso a um nível de vida melhor. O endividamento corresponde ao total da dívida, enquanto o comprometimento refere-se à parcela da renda destinada ao pagamento dessa dívida. No Brasil, o endividamento corresponde à metade da renda anual (55%). Já na média da amostra de 28 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 130%.

Segundo a pesquisa, as elevadas taxas de juros praticadas no Brasil explicam esse cenário de baixo endividamento, mas alto comprometimento de renda com pagamento de juros e amortizações. Embora elas tenham fechado 2018 em queda – média de 24,1% em dezembro de 2018, face a 26,5% em dezembro de 2017 –, o valor ainda é alto frente à série histórica, sobretudo quando comparada à taxa Selic, que é taxa básica de juros da economia brasileira.