Cerca de seis semanas após a saída conturbada de Boris Johnson do cargo de premiê, o Reino Unido revive o momento turbulento, agora com a primeira-ministra Liz Truss, alvo de pedidos de renúncia tanto da oposição quanto do próprio Partido Conservador.
Um controverso plano econômico apresentado por Truss, que reduzia drasticamente a cobrança de impostos e subsidiava parte das elevadas contas de energia elétrica às vésperas da chegada do inverno europeu, sem uma fonte de financiamento que não fosse aumentar a dívida pública britânica, causou pânico no mercado financeiro.
Como resultado, a libra caiu para o menor patamar em comparação ao dólar em 30 anos, e o ministro das finanças, Kwasi Kwarteng, foi obrigado a se demitir do cargo, substituído por Jeremy Hunt, que em seu primeiro ato, revogou grande parte das medidas.
Então, o tabloide inglês Daily Star, inspirado em um artigo publicado na revista The Economist, que argumentou que a primeira-ministra tinha apenas sete dias, que seria ‘aproximadamente a vida útil de uma alface’ antes de se tornar refém do mercado financeiro, criou uma espécie de desafio.
O tabloide, em tom irônico, iniciou uma transmissão ao vivo pelo YouTube na última sexta-feira (14), com o questionamento se ‘Liz Truss pode durar mais do que uma alface?’, e colocou em uma mesa uma foto da primeira-ministra ao lado de um pé de alface.
Nas imagens, é possível ver a imagem de Liz Truss em um quadro, um relógio digital, um prato com um saco de batatas e uma salsicha, o pé de alface com uma peruca loira e um óculos, supostamente para se referir a primeira-ministra, e uma taça de vinho.
A iniciativa do Daily Star ganhou repercussão mundial e trouxe atenção a crise política vivida no Reino Unido. Até mesmo o líder do Partido Trabalhista, que faz oposição a Truss, citou o video em uma reunião da sigla.
Apesar da aposta de que o governo de Truss possa durar pouco tempo, é improvável que o Partido Conservador force o governo a convocar novas eleições, já que isso beneficiaria a oposição de esquerda, em vantagem nas pesquisas de opinião.
Na noite da última segunda-feira (17), Liz pediu desculpas publicamente pelo fracasso do plano fiscal, mas reiterou que não irá deixar o cargo, e agora tenta recuperar apoio popular, em um país que desde 2016 já teve quatro primeiros-ministros.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Daniel Pinheiro