Como pode haver três furacões ativos no Atlântico ao mesmo tempo?

 

Enquanto o Irma segue seu caminho na Flórida, meteorologistas acompanham a evolução de outros dois furacões no Atlântico.

Um deles é José que, segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês), alcançou a categoria 4 na manhã da última sexta-feira (8) (numa escala que vai até 5), tornando-se “extremamente perigoso”.

Com ventos de até 240 km/h, José acendeu o alerta nas ilhas que foram fortemente afetadas pelo Irma: Antígua, Barbuda, St Martin, St Barts e Anguilla.

No oeste de Irma, nas águas do Golfo do México, o furacão Katia ganha força e já é classificado como categoria 2. A proximidade de Katia levou as autoridades do Estado de Veracruz a alertar a população. O furacão atingiu o leste do país na noite da última sexta-feira (8).

Tudo isso acontece menos de duas semanas depois que o furacão Harvey, de categoria 4, tocou os Estados Unidos, causando mortes e prejuízos materiais no Estado do Texas.

A temporada de furacões este ano está sendo muito ativa e danosa, como a de 2005, quando as tempestades Katrina e Wilma deixaram um rastro de destruição por onde passaram, um dos maiores da história.

Especialistas vêm se questionando, contudo, se é normal a frequência com que o furacões vêm ocorrendo neste ano.

Mudanças climáticas

“Não é frequente”, diz à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, John Morales, chefe de meteorologia da rede de TV americana NBC em Miami.

Morales assinalou que não se pode descartar que tenha havido uma “coincidência”, mas ressalvou que há outros fatores importantes a serem analisados.

“Neste ano, não temos o fenômeno do El Niño, que tende a aumentar os ciclones no Pacífico, mas reduz sua frequência no Atlântico”, diz.

Segundo Morales, o El Niño eleva as correntes de ar quente às camadas mais altas da atmosfera que “ofusca os furacões”.

Neste sentido, o fenômeno climático impede que os furacões adquiram a mesma força registrada agora pelo Irma.

Alguns especialistas culpam as mudanças climáticas pelo aumento na frequência dos furacões, mas outros não veem nenhuma associação.

Morales ressalva, contudo, que, além do cenário conjuntural, pode haver outros fatores relacionados com o aquecimento global.

“A temperatura do mar é chave; quanto mais quentes são as águas, mais evaporação é produzida em forma de umidade”, explica.

Segundo ele, é essa umidade “que alimenta o furacão” e que “grande parte do aquecimento global acontece no mar”.

O meteorologista explica que “não há um consenso entre cientistas sobre a incidência do aquecimento do planeta na formação desses fenômenos”.

Acredita-se, por outro lado, que “em um mundo cada vez mais quente, haverá menos furacões, mas estes serão cada vez mais potentes”.

Furacão colossal

Por outro lado, Juan Cárdenas, especialista do Global Forecast Center da The Weather Company, afirma que “os dados empíricos, a observação dos fenômenos nos mostra que houve um aumento na frequência dos ciclones mais intensos”.

Ele cita dados históricos do NHC para defender a visão de que “três furacões ativos simultaneamente não é normal, mas tampouco é atípico, já que acontece uma vez a cada 15 anos”.

Além disso, acrescenta Cárdenas, antes de o advento das imagens por satélite, era impossível contabilizar todos os furacões que se formavam no mar.

No caso do Irma, não apenas se trata de um ciclone colossal equiparável, segundo Morales, ao grande furacão de Miami de 1926, como também chegou pouco depois de Harvey e acompanhado por José e Katia.

Soma-se a isso o fato de que José segue a rota deixada pelo Irma, causando novos estragos em localidades já arrasadas.

Já Katia gera alertas do lado oposto, ampliando a zona de perigo afetada por furacões nos últimos dias.

 

Foto: Reprodução

Fonte: UOL/BBC Brasil

 


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