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são paulo

O governo de São Paulo anunciou um endurecimento das medidas de combate à pandemia para conter a alta de casos e internações por Covid-19 no Estado. Entre 26 de fevereiro e 14 de março, estará em vigor uma restrição de circulação entre 23h e 5h, com um aumento da fiscalização.

A medida tem como alvo principal aglomerações nas ruas e eventos irregulares, porque atualmente nenhum estabelecimento comercial pode ficar aberto depois das 22h no Estado, de acordo com o plano local de combate à pandemia. A Polícia Militar, a Vigilância Sanitária e o Procon ficarão encarregados de fazer a fiscalização.

Estabelecimentos e pessoas que não cumpram a medida poderão ser multados de acordo com o previsto pelo Plano São Paulo, que estabelece uma multa individual de R$ 552,71 e, para os estabelecimentos, multa de R$ 5.294,38 por cada pessoa que estiver no local.

O governador João Doria (PSDB) explicou no entanto que o foco da fiscalização será coibir festas clandestinas e aglomerações. “Não multaremos as pessoas que estão voltando para suas casas ou indo e voltando do trabalho”, afirmou Doria. “Quem estiver nas festas não será multado, obviamente serão advertidos. Serão multados aqueles que promoverem festas.”

Transporte reduzido e blitz

O transporte coletivo será reduzido neste período, e a Polícia Militar fará blitz para orientar a população. Pessoas também poderão ser abordadas nas ruas pela polícia, segundo a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.

“O direito de ir e vir é constitucional. A abordagem será feita para entender por que a pessoa está na rua. Haverá uma fiscalização mais dura principalmente quando as pessoas estão aglomeradas em grupos”, disse Ellen.

Questionado sobre a escolha do período entre 23h e 5h, Doria ressaltou que o plano de combate à pandemia já prevê restrições de funcionamento e capacidade de atendimento durante todo o dia.

Paulo Menezes, coordenador do centro de contigência da covid-19 de São Paulo, também justificou a escolha alegando que, nos outros períodos, a maior parte das pessoas estão na rua a trabalho e cumprem as regras de distanciamento e do uso de máscaras. “Queremos evitar festas clandestinas e reuniões que parecem inofensivas mas onde ocorre a transmissão do vírus”, disse Paulo Menezes.

‘Sem vidas, não há consumo’

São Paulo é o nono Estado a adotar medidas mais duras nas últimas semanas para reduzir a circulação da população. Toques de recolher estão em vigor no Acre, na Bahia, no Ceará, em Mato Grosso do Sul, na Paraíba e no Paraná.

O Rio Grande do Sul também adotou medidas restritivas, proibindo o funcionamento de estabelecimentos comerciais entre 22h e 5h. O Piauí suspendeu todas as atividades não essenciais. Doria afirmou que não está aplicando um toque de recolher em São Paulo. “Se fosse, não teria transporte coletivo, não poderiam circular táxis, não poderiam funcionar postos de gasolina e supermercados. São restrições.”

O governador paulista também se antecipou a possíveis críticas sobre o impacto do toque de recolher sobre a economia local. “Sem vidas, não há consumo. Mortos não consomem. Mortos penalizam famílias.”

Estado vem batendo recordes de internações por causa da covid-19© Getty Images Estado vem batendo recordes de internações por causa da covid-19

‘Leitos de UTI podem se esgotar em três semanas’

Doria afirmou estar atendendo uma recomendação do comitê de especialistas de São Paulo de combate à pandemia, porque o Estado vem batendo recordes sucessivos de atendimentos hospitalares.

“Temos que adotar essa medida para proteger vidas. Não temos satisfação de aplicar uma medida como essa”, disse Doria.

Paulo Menezes disse que a recomendação foi feita em reação a um aumento expressivo de internações no Estado. “O aumento foi ainda mais dramático quando vemos os leitos de UTI, que bateram sucessivos recordes nos últimos dias”, afirmou Menezes.

Atualmente, a ocupação de leitos de UTI no Estado é de 69% e, na Grande São Paulo, de 69,3%. Há ao todo 6,5 mil pessoas internadas em tratamento intensivo por causa da covid-19. “Estamos extremamente preocupados. Se olharmos para o futuro, os leitos de UTI podem se esgotar em aproximadamente até três semanas”, disse Menezes.

João Gabbardo, coordenador-executivo do centro de contingência, afirmou que o objetivo da medida é impedir o colapso do sistema de saúde de São Paulo como já ocorreu em outros Estados. “Em uma semana, o aumento de casos derrubou os sistemas de saúde do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul. Não podemos assistir passivamente ao que está ocorrendo ao nosso redor e achar que no Estado de São Paulo isso não vai ocorrer”, disse Gabbardo.

*Com informações da BBC News