Empatado em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, Ciro Gomes (PDT) destacou que vai “chorar” e deixar a política caso o adversário Jair Bolsonaro (PSL) seja eleito. O ex-governador do Cara participou nesta quarta-feira de sabatina do Jornal O Globo, Valor Econômico e revista Época nesta quarta-feira.
– Vou desejar boa sorte a ele, cumprimentá-lo pelo privilégio e depois vou chorar. Eu saio da política. A minha razão de estar na política é confiar no povo brasileiro.
Ciro frisou que Bolsonaro representa a “destruição” e exemplificou que a política econômica de Paulo Guedes, já escolhido pelo militar para comandar o ministério da Fazenda se vencer o pleito, pode quebrar o agronegócio “em 12 meses” e levar ao aumento da inflação.
Ao falar de sobre um tema caro a Bolsonaro (PSL), Ciro diz que no seu governo, militar não pode falar de política. Quer as Forças Armadas altivas e bem-armadas, mas restritas a suas funcionais constitucionais, sob o seu comando. “Eu mando, eles obedecem”. E ainda sobrou para o vice de Bolsonaro: “um jumento de carga”, disse sobre o general Mourão.
Sobre a declaração do Comandante Villas Boas que próximo presidente pode não ter legitimidade, Ciro foi ainda mais ácido.
– Estaria demitido e provavelmente pegaria uma “cana”. Mas deixa eu explicar, ele está fazendo isso para tentar calar a voz das “cadelas no cio” que embaixo dele estão se animando com essa barulheira. Esse lado fascista da sociedade brasileira. Esse general Mourão, que é um jumento de carga, tem uma entrada no Exército e agora se considera tutor da nação. Os brasileiros têm que deixar muito claro que quem manda no país é o povo.
Economia
Ciro diz que pretende mudar as prerrogativas do Banco Central para que ele persiga uma meta da menor inflação possível e a maior geração de empregos. Hoje, o BC tem apenas uma meta de inflação como guia da política monetária.
— O Banco Central terá duplo comando. Para ter a menor inflação e o maior emprego. E o Banco Central será subordinado a mim — afirmou o candidato, acrescentando que não vê necessidade de dar autonomia operacional para a instituição.
Apesar de criticar a políticas econômica adotada pelo governo Michel Temer, ela disse que o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, tem atuado corretamente à frente da instituição.
Ciro afirmou ainda que fará uma redução de pelo menos 15% das desonerações fiscais concedidas a vários setores produtivos e que geram uma renúncia fiscal de aproximadamente R$ 354 bilhões. E, questionado sobre qual setor, poderá sofrer com essa decisão, apontou que o setor automobilístico é um deles.
— Qual o sentido de estimular o consumo de automóveis no Brasil com renúncia fiscal — disse Ciro, acrescentando que as montadoras estão com a produção parada e o argumento de manutenção de emprego não serve nesse caso.
Fonte: O Globo