Com lideranças presentes no ato, o Sindicato de Lojistas de BH (Sindilojas) informou que a medida da Prefeitura provoca o fechamento de 30.000 estabelecimentos e impacta mais de 90.000 trabalhadores. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel), que trava uma batalha de liminares na Justiça em contraposição às medidas restritivas ao funcionamento da categoria que representa, divulgou nota explicando que não convocou nem engrossou a manifestação. Porém, a entidade segue cobrando Kalil pelo fim das imposições aos donos de bares e restaurantes, que estavam proibidos de vender bebidas alcoólicas desde 7 de dezembro. “O número de leitos em BH diminuiu. O prefeito teve nove meses para preparar a cidade, mas acreditou que a doença tinha acabado e agora quer cobrar a conta de quem não tem culpa”, afirma Matheus Daniel, presidente da Abrasel.
Em nota, a Prefeitura diz que “lamenta profundamente os impactos que vêm sendo causados pela pandemia nas diferentes atividades econômicas” e argumenta ter se baseado em dados científicos para editar o decreto. A taxa de ocupação dos leitos de UTI na capital chegou a 86%. Ao todo, Belo Horizonte registra mais de 70.000 casos confirmados da doença e quase 2.000 mortes, com 75 óbitos por 100.000 habitantes. “O fechamento das atividades não essenciais não tem qualquer caráter punitivo ao comércio”, ressalta a Prefeitura, que prevê ao menos duas semanas de duração da medida. “O objetivo é diminuir o volume de pessoas em circulação para conter a expansão do contágio. Tão logo os indicadores permitam, o processo de flexibilização será retomado.” Belo Horizonte é a sexta cidade mais populosa do Brasil, com 2,5 milhões de moradores.
Antes de determinar o fechamento, Kalil fez um discurso emocionado e se desculpou ao anunciar o novo decreto. “Nós chegamos ao limite da covid-19. Tentamos avisar e manter por mais dez dias a cidade aberta, quando os números eram perigosos, mas tínhamos pelo menos uma expectativa de responsabilidade das pessoas. Agora, temos casos em hospitais particulares de Belo Horizonte famílias inteiras, que passaram Natal juntas, infectadas e internadas. Peço desculpas, mas não tive outra alternativa. Governar não é agradar”, afirmou o prefeito, que prevê, ainda esta semana, o incremento de 40 UTIs destinadas ao tratamento da doença na rede pública de saúde.
A ocupação de UTIs no Estado já supera 70%, nível que configura “alerta vermelho”, de acordo com os parâmetros estabelecidos pela Secretaria de Saúde. Nesta segunda, a média móvel de novos casos alcançou o maior patamar (6.129) ao longo da pandemia, terceiro recorde diário consecutivo. O Estado contabiliza quase 600.000 casos e 13.000 mortes por coronavírus.
*Com informações do El País