Ex-ministro do STF, Carlos Ayres Britto conversa com Roseann Kennedy sobre a importância do voto e do papel dos brasileiros no processo eleitoral. Ele reforça ainda a importância do pleito e ressalta que, além do direito, o voto é uma responsabilidade. O recado veio em tom de alerta: “O eleitor tem o dever de livrar essa respeitável senhora de nome política, livrar das más companhias. Senão, ele vai votar errado e será, ao mesmo tempo, vítima e cúmplice de sua própria desgraça”, completou. O ex-ministro avalia que, principalmente nesta fase conturbada, cada um deve bater no peito e dizer “meu melhor amigo é o Brasil”.
Ayres Britto, que foi ministro do Supremo Tribunal entre 2003 e 2012, diz que acredita num novo país, um Brasil unido e se diz confiante. “Acredito por causa da democracia. Agora, ela não vem por nocaute, ela vence por acúmulo de pontos. A democracia vai nos tirar dessa chuva ácida, vai nos salvar. Sou um otimista e não estou delirando, não”.
Apesar de esperançoso, o jurista acredita que o momento é de ter cautela e revela que vê ameaça às instituições. “Vejo (ameaça às instituições). O brasileiro tem esse viés, esse desvio de colocar as instituições debaixo do braço e roubar a cena delas”. E completa: “Eu me preocupo. Eu acho que a democracia é o melhor arquiteto, é o melhor engenheiro, o melhor mestre de obras, no sentido de arquitetar as instituições. Porque as instituições são o reino da impessoalidade.”
Ao comentar a controversa ideia de se elaborar uma nova constituição (fato já descartado pelos dois candidatos ao segundo turno), Ayres Britto declara: “Tremo nas bases (quando falam em nova Constituição). Nenhuma Constituição que se dê ao respeito dispõe dos seus próprios funerais”. O ex-ministro acredita que manter o respeito e as instituições fortes são premissas de uma sociedade e conclui: “Povo civilizado é o que gravita em torno de instituições.”
Jurista, conferencista e poeta, autor de vários livros jurídicos e de poesia, Ayres Britto teve sua passagem no STF marcada pela literatura e filosofia. Sua proximidade com as artes sempre lhe renderam votos firmes e poéticos. Poemas que ele faz questão de relembrar nesta entrevista.
Fonte: EBC – Agência Brasil
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