A expectativa deste ano é para a maior Black Friday já vista, desde que a data foi incorporada no calendário nacional, em 2010. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a sexta feira de promoções deve faturar R$ 4,64 bilhões neste ano, aumento de 4,3% na comparação com 2022. Produtos como Eletrônicos, utilidades domésticas e móveis (R$ 2,33 bilhões) representam metade do faturamento estimado. Esse cenário aponta para uma disputa ainda mais acirrada no setor de varejo.
O Magazine Luiza preparou a sua maior operação de logística (Fulfillment) em uma Black Friday. A varejista espera aumentar em sete vezes o volume de pedidos nesta operação. Enquanto a Casas Bahia apostou em antecipar descontos. Desde o dia 27 de outubro, alguns produtos estão com preços de Black Friday. São preços que não serão modificados durante o evento, o que garante um prazo mais aliviado para o cliente adquirir o produto.
Além da concorrência no comércio nacional, as varejistas enfrentam grandes estrangeiros como Shopee, AliExpress e Amazon, que também estão planejando ações para a data.
“Nós estamos nos planejando há meses para entregar a melhor edição de Black Friday da Amazon Brasil” disse o presidente da empresa, Daniel Mazini. “São mais de 25 mil produtos selecionados de marcas como Apple, Lenovo, Samsonite, Pedigree, Huggies, Maybelline e Oster.”
A concorrência internacional já é uma realidade inerente ao ambiente de negócios. No entanto, para as varejistas brasileiras, a disputa pelo bolso do consumidor é ainda mais difícil, visto que as empresas estrangeiras possuem vantagens competitivas.
Concorrência desleal?
A competição no setor varejista brasileiro vai além de brigar pela atenção dos clientes com ofertas e campanhas de marketing. Os representantes do comércio afirmam que enfrentam uma concorrência desleal devido à isenção de imposto para compras de até US$ 50 (R$ 242) feitas em sites no exterior. Na prática, isso resulta em um desequilíbrio fiscal, com as empresas estrangeiras desfrutando de uma carga tributária menor.
O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) destaca que, para alcançar isonomia tributária, os produtos estrangeiros deveriam pagar uma alíquota de 74,2% de imposto de importação. Esse cenário não afeta apenas o setor varejista, mas tem implicações para a economia como um todo. De acordo com o relatório da Levante Investimentos, a isenção tributária pode motivar empresas brasileiras a transferirem seus parques fabris para países como Uruguai e Paraguai, que possuem uma carga tributária menor. Vale ressaltar que a indústria contribuiu com 23,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no ano passado.
“No cenário desafiador da competição internacional, os lojistas se dividem em dois grupos: aqueles que se apegam ao passado e lamentam as mudanças, e aqueles que se reinventam e se adaptam ao novo contexto”, disse Rafael da Cunha, CEO da Climba Commerce, plataforma de e-commerce.
Estratégias para a Black Friday
O Magazine Luiza está adotando estratégias para se adaptar ao novo cenário de concorrência no varejo e, para competir em igualdade com as empresas estrangeiras, aderiu ao programa do governo Remessa Conforme. Esse programa isenta compras de até US$ 50 em produtos internacionais. A decisão permitiu que a empresa incluísse a venda de produtos internacionais como parte de sua estratégia para a Black Friday.
“Vamos aproveitar a oportunidade de trazer produtos e marcas que não estão no Brasil, assim reforçando nosso sortimento com milhares de novos itens”, disse Eduardo Galanternick, vice-presidente de Negócios do Magalu.
A participação no programa oferece agilidade nas importações e isenção de impostos para compras de até US$ 50, eliminando preocupações relacionadas a taxações adicionais e simplificando o processo de recebimento de produtos importados. Com a taxa de ICMS já embutida para compras até o limite estabelecido, os consumidores podem se beneficiar de transações mais transparentes e sem surpresas desagradáveis.
Além disso, as varejistas, tanto nacionais quanto internacionais, estão apostando no live commerce, uma estratégia que envolve lives, vídeos e streamings para divulgar produtos e serviços em plataformas digitais ou tradicionais. O Magazine Luiza, por exemplo, conta com o Central Black da Black, uma ação de entretenimento com ofertas em diversas plataformas. O Magalu também realizará o primeiro podcommerce da história em parceria com o Podpah e YouTube.
A Casas Bahia trará o live commerce para suas lojas físicas, inovando ao trazer chefs para cozinhar com produtos em promoção na área de culinária. Na área de beleza, os clientes poderão testar produtos, proporcionando uma experiência interativa.
A Amazon Brasil aposta em estar presente em múltiplos canais, oferecendo campanhas com provas divertidas, entretenimento familiar, música, futebol, live games, podcasts e competições.
“Vemos que o público tende a confiar mais em pessoas do que em marcas”, disse Fernando Moulin, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “Então, o live commerce tem uma característica de individualização e personalização, que é muito importante, porque traz credibilidade para o produto que está sendo anunciado.”
Por Poliana Santos/Forbes