Recorde de endividados em São Paulo

Nunca houve tantas famílias paulistanas endividadas como em setembro. No mês passado, a porcentagem de lares com alguma forma de dívida atingiu o recorde de 69,2%, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

O índice vem subindo há dez meses e, agora, mostra que sete entre dez famílias que vivem em São Paulo têm dívida. São 2,76 milhões de lares nessa situação. Em relação a setembro do ano passado, a alta foi de 10,7 pontos porcentuais.

Os números da capital paulista repetem uma tendência nacional. Pesquisa com dados de todo o País realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra que o porcentual de famílias que disseram ter algum tipo de dívida a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) aumentou 1,1 ponto porcentual entre agosto e setembro, chegando a 74%.

Esse dado é 6,8 pontos porcentuais maior do que o de setembro do ano passado, no maior aumento anual em toda a série de pesquisa da CNC.

Quanto às dívidas em atraso, há uma discrepância entre os dados nacionais e os de São Paulo. Enquanto a pesquisa da CNC mostra uma redução de 25,6% em agosto para 25,5% em setembro no índice de inadimplência, a da FecomercioSP indica que o número de famílias paulistas inadimplentes passou de 18,8% para 19,0%.

Oferta abundante de crédito e juros ainda relativamente baixos favorecem a tomada de empréstimos pelas famílias. A pesquisa da CNC mostra também que as famílias vêm procurando prazos mais longos para a quitação de seus empréstimos.

Mas há também fatores preocupantes que podem estar estimulando as famílias a contratar dívidas.

A inflação em alta, associada à persistência de altas taxas de desemprego, reduz a renda real das famílias. O aumento da informalidade no mercado de trabalho é sinal de instabilidade da renda mensal de boa parte delas. E o auxílio emergencial ficou menor.

Empréstimos podem, pelo menos temporariamente, assegurar parte do poder de consumo de famílias que enfrentam esses problemas. Mas, em algum momento, empréstimos terão de ser pagos.

*com informações do Estadão