Em consequência do choque provocado pela pandemia de covid-19, a taxa de desemprego no País foi recorde no ano de 2020 em 20 das 27 unidades da federação, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada desde 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na média nacional, a taxa de desocupação subiu de 11,9% em 2019 para o ápice de 13,5% em 2020, a maior da série iniciada em 2012. A Bahia teve o resultado mais elevado, 19,8%, enquanto a menor taxa ocorreu em Santa Catarina, 6,1%. No Estado de São Paulo, a taxa média de desemprego cresceu de 12,5% em 2019 para um auge de 13,9% em 2020.
As desigualdades no mercado de trabalho se mantiveram acentuadas entre as diferentes regiões do País. A taxa média anual de subutilização da força de trabalho – que mede a proporção de brasileiros em idade de trabalhar que está subutilizada – superou os 40% em Estados nordestinos como Piauí (46,4%), Alagoas (45,1%) e Maranhão (44,9%). A taxa média anual de informalidade foi de quase 60% no Pará (59,6%), Maranhão (59,0%) e Amazonas (57,3%), apesar de a pandemia ter provocado uma perda maior de ocupação entre os trabalhadores informais.
Houve melhora na taxa de desemprego na reta final do ano, com a geração sazonal de vagas característica do período: a taxa de desemprego caiu de 14,6% no terceiro trimestre para 13,9% no quarto trimestre. No entanto, as assimetrias de gênero e cor de pele permaneceram.
A taxa de desemprego entre os brasileiros que se declaram brancos ficou em 11,5% no último trimestre de 2020, significativamente abaixo da taxa de desocupação dos autodeclarados pretos (17,2%) e pardos (15,8%).
“A taxa de desocupação de pretos é 49,6% maior do que a de brancos”, ressaltou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, acrescentando também que a taxa de desocupação dos autodeclarados pardos foi 37,4% superior à dos brancos.
Entre as mulheres, a taxa de desemprego foi de 16,4% no quarto trimestre de 2020, 37,8% superior à taxa de desocupação de 11,9% dos homens.
“Ao longo do ano, a taxa de desocupação cresceu para todo mundo, tanto para homens quanto para mulheres, mas a taxa cai mais entre homens ao fim do ano do que entre mulheres”, explicou Adriana Beringuy.
O rendimento médio mensal dos trabalhadores homens ficou em R$ 2.724 no quarto trimestre de 2020, enquanto as mulheres recebiam apenas R$ 2.219.
*Por Daniela Amorim/Estadão