Organizações da sociedade civil criticaram a falta de ação do governo Federal e dos governos do Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul no combate ao fogo no Pantanal, assim como a pouca estrutura para o enfrentamento dos incêndios. Representantes de ONGs que estão na linha de frente do resgate de animais feridos por causa das queimadas afirmaram que vão cobrar providências das autoridades para que se reforce a prevenção.
A situação da fauna do Pantanal foi tema de um debate virtual promovido pela Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara dos Deputados. Os especialistas em manejo de animais silvestres relataram que os incêndios afetam principalmente répteis, anfíbios e pequenos mamíferos. Além de queimados, muitos são atropelados ou expostos aos predadores e ficam sem água e comida.
Coordenador da frente parlamentar, o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) fez parte da comitiva que esteve no Pantanal no último fim de semana. Ele disse que o fogo atingiu 20% do bioma, principalmente unidades de conservação e vegetação nativa, e culpou a falta de estrutura pela proporção que os incêndios tomaram.
“É muito evidente a ausência total do Estado, quem está trabalhando e fazendo a diferença são os voluntários. É um incêndio muito difícil de apagar com as mãos, a gente precisaria ter aeronaves específicas para isso”, comentou. “O Brasil não tem estrutura nenhuma de combate a incêndio. Só temos abafadores, sopradores, é muita coisa feita na mão. ”
Dificuldade de comunicação
Segundo a presidente da ONG Ampara Animal, Juliana Camargo, há despreparo e descaso no combate aos incêndios no Pantanal. Ela presenciou problemas como a falta de combustível para os veículos e de água para apagar os focos de fogo, além de outras dificuldades.
“O deslocamento e a comunicação são muito difíceis, isso, sem dúvida, atrapalha muito o nosso trabalho. Quando a gente recebia uma denúncia de que havia uma anta queimada em determinada região, demorávamos dias para encontrá-la, pois o acesso à internet é restrito”, acrescentou.
Estiagem
O coordenador de Comunicação da SOS Pantanal, Gustavo Figueiroa, afirmou que esta é a pior seca na região nos últimos 47 anos e que é preciso investir em prevenção, com a criação de brigadas anti-incêndio e a compra de equipamentos, porque os ciclos naturais estão mudando.
“O problema é que esses ciclos de ‘mais cheio’ e ‘mais seco’ estão tendendo para o ‘mais seco’”, alertou. “A gente não pode bater o martelo e dizer que são as mudanças climáticas que estão causando isso, mas os cenários e as modelagens matemáticas dos efeitos do aquecimento global e das mudanças climáticas estão batendo com o que está acontecendo: são anos mais quentes, mais secos e com mais incêndios. ”
Comissão externa
Integrante da comissão externa criada pela Câmara para examinar a situação do Pantanal, Rodrigo Agostinho informou que o relatório do colegiado deve indicar a necessidade de planos de manejo ambiental e combate a incêndios.
Ele também chamou a atenção para propostas que estão sendo examinadas pelo Legislativo, como a que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo (PL 11276/18) e a chamada Lei do Pantanal (PL 9950/18), sobre conservação e uso sustentável do bioma.
Fonte: Agência Câmara de Notícias