Dez por cento do PIB da União Europeia (UE), 27 milhões de empregos: o turismo é um dos principais setores da economia do continente. Duramente atingidos pela crise do coronavírus, os profissionais temem um verão historicamente ruim, mesmo que estejam tentando se adaptar.
Foto: © Raymond ROIG Restaurante fechado em Collioure, nos Pirineus, em 29 de abril de 2020
© Alberto PIZZOLI Em frente à Fonte de Trevi, em Roma, em 3 de março de 2020, menos de uma semana antes do início do confinamento na Itália
Férias de verão?
Na França, principal destino turístico do mundo, o presidente Emmanuel Macron alertou na terça-feira que “era muito cedo para dizer se poderemos ter férias” neste verão.
O comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, alertou que “certas áreas serão abertas aos turistas e outras não”, dependendo da situação da saúde.
© MARCO SABADIN Foto aérea do Leão de Veneza, com vista para uma cidade excepcionalmente esvaziada de seus turistas devido ao confinamento, 25 de abril de 2020
Nesta quinta-feira, a Organização Mundial do Turismo (OMT) estimou que o número de turistas internacionais poderia cair de 60 a 80% durante o ano de 2020.
Em geral, cidadãos e autoridades parecem concordar com férias “locais”. “Será, no início, o momento da ultra-proximidade”, disse o secretário de Estado francês, Jean-Baptiste Lemoyne, no final de abril.
Várias pesquisas de opinião estimam que a grande maioria dos franceses planeja ficar em seu país durante as férias de verão.
No Reino Unido, um importante fornecedor de turistas para a Europa, “as reservas para este verão caíram muito significativamente”, disse um porta-voz da ABTA, a associação britânica de profissionais de viagens.
Ele quer acreditar que “quando o confinamento for suspenso, o desejo de viajar para ver entes queridos e tirar férias bem merecidas será renovado”.
Como o setor vai se adaptar?
Alguns hotspots turísticos estão se preparando para reabrir. A Acrópole de Atenas, assim como todos os sítios arqueológicos da Grécia, poderá receber o público a partir de 18 de maio, anunciou o país nesta quinta-feira.
Mas a ABTA adverte: “será necessário condições sanitárias adequadas”, em particular para permitir o distanciamento social. Isso se aplica ao setor da aviação, que também é muito afetado pelo fechamento das fronteiras.
Em regiões muito turísticas, surgem as mesmas perguntas: como tranquilizar os turistas e, ao mesmo tempo, salvar uma temporada de verão que promete ser historicamente ruim?
Na Espanha, a cidade de Gandia (sudeste) planeja recrutar supervisores, ou mesmo banir crianças da praia em determinados momentos para impor o distanciamento social.
As varandas dos restaurantes serão ampliadas e os menus poderão ser visualizados em um smartphone, em vez de passar de mão em mão.
A rede RoomMate Hotels prevê tapetes impregnados de alvejante para desinfetar as solas dos sapatos e rodas das malas quando os clientes chegarem, que serão submetidos a um teste de temperatura e equipados com máscaras, gel e luvas.
Na Itália, o ministro da Cultura, Dario Franceschini, lamentou na imprensa: “que turismo é esse, se, por exemplo, só uns poucos puderem comer em um restaurante ou em uma pizzaria?”
Todas as partes interessadas são unânimes em pedir diretrizes claras e consistentes. As instituições europeias estão trabalhando em “regras finalizadas e harmonizadas em nível europeu” para a recepção de turistas, garantiu na terça-feira Thierry Breton.
Respostas esperadas “nos próximos dias”.
Qual o impacto econômico?
Pós-doutorando na ESTHUA em Angers (Estudos Superiores em Turismo e Hotelaria da Universidade de Angers), Johan Vincent trabalhou em como as crises econômicas estão modificando o setor do turismo.
“O turismo sempre recomeça, porque os atores econômicos se adaptam às crises que enfrentam”, declarou à AFP. No entanto, “será necessário um grande esforço de adaptação”.
Um esforço que exigirá investimentos, enquanto o setor está parado há vários meses.
Na Espanha, o segundo maior destino turístico do mundo, o número de visitantes estrangeiros caiu 64,3% em março em comparação com o ano anterior.
E globalmente, a OMT calcula que o setor já perdeu US$ 80 bilhões nos três primeiros meses do ano. Impacto total estimado da pandemia: mais de 1 trilhão de dólares!
A Europa está atualmente negociando um fundo de estímulo “gigantesco”, segundo Thierry Breton, que por sua vez mencionou uma faixa de “1 a 20 bilhões de euros”.
burs-cda/aue/nth/etr/mr / Por: AFP