No quarto trimestre de 2018, a taxa de desocupação registrada no interior do país foi menor que das regiões metropolitanas em 21 estados, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo IBGE. A exceção ficou no Acre, Roraima, Mato Grosso do Sul e Goiás, que tiveram desocupação maior, e da Bahia, onde a taxa ficou igual.
Segundo o levantamento, a maior variação ocorreu no Amazonas, onde a taxa de desocupação ficou em 9,1% no interior, contra 14,4% no estado. A segunda maior diferença foi no Espírito Santo, onde o desemprego subiu de 8,2% no interior para 10,2% no estado, seguido por Rondônia, de 7,2% para 9% e São Paulo, de 10,8% para 12,4%. Os dados mostram que quando a taxa de desocupação é menor no interior, é a região metropolitana e a capital que puxam o desemprego no estado.
Na avaliação do coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, a análise do mercado de trabalho no interior é importante porque o contingente de população com mais de 14 anos é maior no interior de 22 estados, superando 70% em nove unidades da federação. Em Santa Catarina, por exemplo, o contingente de pessoas nessa faixa que mora fora das regiões metropolitanas chegava a 85%, 81,5% no Tocantins e 77,9% no Maranhão.
Subocupação
Embora a taxa de desocupação seja menor no interior, em 19 unidades da federação a taxa de subocupação foi maior que no estado. A pesquisa revela que parte das pessoas consideradas empregadas estão subocupadas por insuficiência de horas, ou seja, trabalham até 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais. No Sergipe, por exemplo, a taxa de desocupação é de 13,7% no interior, mas a de subocupados chega a 23,7%. No interior do Ceará, o desemprego é de 9,2%, enquanto a subocupação chega a 16,9%, e no Piauí passa de 11,7% para 25,9%.
Azeredo, explica que a avaliação do mercado de trabalho apenas pela taxa de desocupação pode gerar distorções. “Se não tivéssemos, hoje, análises completas de subutilização da força de trabalho propostas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), ia parecer que o interior tem uma situação mais favorável que a das regiões metropolitanas e capitais”, explica Azeredo.
Segundo o coordenador, o desemprego no interior é menor, mas por outro lado é onde se encontra mais gente subocupada, o que coloca essas regiões em um processo diferenciado. “É necessário formular políticas públicas para atingir a subocupação, a força de trabalho potencial e o desalento. Esse olhar para o interior tem que acontecer”, conclui Cimar.