Enquanto é alvo de um inquérito civil referente ao carnaval deste ano, que tem como alvo o prefeito Marcelo Crivella e o presidente da Riotur, Marcelo Alves, a administração municipal já começa a planejar os festejos momescos de 2019. E algumas das medidas em estudo prometem causar novas polêmicas. Uma delas é a possibilidade de instalar catracas e detectores de metais no acesso aos chamados megablocos, que atraem centenas de milhares de foliões.
O tema foi debatido em um encontro na manhã desta terça-feira, em um hotel em São Conrado, na Zona Sul do Rio, reunindo representantes de diversos órgãos públicos. Em pauta, um balanço do carnaval recém-terminado, marcado por cenas de violência, vandalismo e depredações, e também os preparativos para o próximo ano.
— A estrutura será triplicada, e o controle de acesso para esses megablocos será permanentemente trabalhado e administrado — assegurou Marcelo Alves, antes de continuar:
— Com o emprego da catraca, quando der a lotação do espaço não entra mais ninguém. Não pode colocar dez pessoas em um local que cabe uma.
Ainda sobre os megablocos, já foi definido que eles não acontecerão mais na orla da Zona Sul, nem em Copacabana nem no Aterro do Flamengo. Além do Centro da Cidade, que já recebe alguns cortejos de grande porte, foi levantada no encontro a hipótese de utilizar com esse fim um espaço entre o Maracanã e a Quinta da Boa Vista, na Zona Norte.
— Foi uma sugestão apresentada hoje (ontem), mas não tem nada decidido. Pedi que seja avaliado. Inicialmente, todos acharam muito interessante pela facilidade de chegada e mobilidade, com as linhas de trem e do metrô. É uma área grandiosa que está desocupada, com capacidade estimada em quase 300 mil pessoas — disse o presidente da Riotur, sem especificar, contudo, o ponto exato do local.
Sem notificação
Crivella e Marcelo Alves ainda não foram oficialmente notificados sobre o inquérito aberto pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) na última sexta. Na ação, a Terceira Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da capital pede explicações acerca da omissão do prefeito em questões relativas ao carnaval e sobre, no que concerne à Riotur, supostas falhas no planejamento da festa.
“É notória a constatação em geral do desapreço do atual prefeito do Rio de Janeiro pelas manifestações culturais de carnaval”, escreveu a promotora Liana Barros ao iniciar o inquérito.
No texto, a promotora cita a ida de Crivella ao exterior durante o carnaval, inicialmente divulgada como agenda oficial, o que acabou desmentido. As viagens do prefeito, que já haviam motivado um outro inquérito no próprio MP-RJ, também viraram alvo, ontem, de inspeção extraordinária no Tribunal de Contas do Município (TCM).
MAIS DETALHES
Caça aos clandestinos
Outra medida prevista pela Riotur para o próximo carnaval é aumentar a repressão aos chamados “blocos clandestinos”, que desfilam sem autorização. A ideia é que governo do estado e prefeitura editem normas que permitam que os responsáveis por esses cortejos sejam punidos.
Ambulantes na mira
Ambulantes não cadastrados também entrarão na mira das autoridades. “Detectamos que eles são culpados por grande parte do lixo acumulado, abandonando itens como sacos de gelo e pacotes de cerveja”, afirmou Marcelo Alves.
PM não compareceu
Chamada a participar da reunião de ontem, a Polícia Militar foi o único órgão convidado a não enviar representante. Por nota, a corporação afirmou que “está finalizando a avaliação do plano adotado no carnaval de 2018” e que, depois, irá propor eventuais alterações.
Fonte: Extra