Mulher do traficante Nem é presa pela quarta vez em seis anos

A prisão de Danúbia Rangelnesta terça-feira (10) aumenta a lista de entradas e saídas da cadeia da mulher do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha. Desde 2011, entre detenções, decisões judiciais e uma condenação, ela já foi encarcerada quatro vezes. Em três delas, recebeu da Justiça a liberdade.

Ao chorar cercada por jornalistas na Cidade da Polícia, parecia querer evitar as câmeras. Nas redes sociais, parecia não fazer questão de se esconder, mesmo quando foragida.

Sempre bronzeada e com longos cabelos loiros, gosta de exibir o corpo malhado em praias e piscinas, a vida agitada nas baladas, além de roupas e acessórios de grife. Até um bilhete supostamente escrito por Nem, preso desde 2011 e atualmente em uma penitenciária de segurança máxima em Rondônia, foi publicado. Nos comentários das imagens, elogios à beleza se misturam a julgamentos virtuais pela posição de “primeira-dama do tráfico”.

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Danúbia era procurada desde que foi condenada, em março de 2016, a 28 anos de prisão. Apesar de foragida, seguia atuando como “herdeira” no comando do tráfico na Rocinha, segundo os investigadores, até ser expulsa pela quadrilha de Rogério 157, antigo segurança e homem de confiança de Nem, em setembro.

1ª prisão: novembro de 2011

A primeira prisão foi em flagrante, por associação ao tráfico. Policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) a prenderam dentro do salão de beleza na Rocinha que, segundo a polícia, pertencia à irmã dela. Nem havia sido preso semanas antes, quando tentou fugir da comunidade antes da ocupação da PM.

Em 2 de março de 2012, ela foi solta por determinação judicial.

2ª prisão: março de 2014

Dois anos mais tarde, Danúbia voltou a ser presa, desta vez em uma operação da Polícia Federal realizada em dois estados. No Rio, foram presos cinco policiais militares da Rocinha suspeitos de envolvimento com o tráfico. No Mato Grosso do Sul, os agentes prenderam a mulher de Nem em casa. Segundo a PF, ela repassava as orientações de Nem, detido na penitenciária federal de Campo Grande.

Danúbia foi transferida para o presídio de Bangu, no Rio, mas três meses depois recebeu do desembargador Siro Darlan o direito de cumprir pena em prisão domiciliar, sem monitoramento eletrônico. Voltou, então, à capital matogrossense.

Na decisão, o magistrado citou o artigo 318 do Código de Processo Penal (CPP), onde diz que “a prisão preventiva será substituída pela prisão domiciliar quando o processo cautelarmente for indispensável aos cuidados de criança menor de 6 anos de idade”. Na época, a filha dela tinha 4 anos.

3ª prisão: agosto de 2014

Duas semanas depois da decisão de Darlan, a soltura foi revogada por outros desembargadores da 7ª Câmara Criminal do Rio. Danúbia inicialmente não foi encontrada e ficou foragida por cerca de uma semana, até ser presa novamente em Campo Grande pela Polícia Federal, no dia 1º de agosto. Dias depois, voltou a Bangu.

Em março de 2016, nova decisão judicial a colocou em liberdade. Ela e Nem foram absolvidos de acusação de associação para o tráfico. Nem tinha outras várias condenações e continuou preso, mas a mulher dele deixou a cadeia por “provas insuficientes”, segundo juiz, de que ela passava ordens do marido para o tráfico da Rocinha, no curso da investigação “Paz Armada” – a mesma que terminou com a morte do ajudante de pedreio Amarildo.

Uma semana depois da soltura, veio a condenação: 28 anos de prisão pelo crime de associação para o tráfico por ter ocupado posição de liderança na facção que atuava na Rocinha em 2011. Segundo a Justiça, a ré repassava ordens de Nem para a quadrilha. Danúbia, no entanto, não foi encontrada e voltou a ficar foragida.

4ª prisão: outubro de 2017

Apesar de procurada pela polícia, a investigação aponta para uma constante atuação de Danúbia no tráfico da Rocinha. A disputa pelo poder com Rogério 157 teria motivado a guerra sangrenta entre traficantes que provocou a reação das forças de segurança nas últimas semanas.

Na terça-feira (10), Danúbia foi encontrada por policiais civis da 39ª DP (Pavuna) e da 52ª DP (Nova Iguaçu), em um dos acessos ao Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Ao ser presa, chorou e disse que nada fez.

Fonte: G1

Foto: Reprodução


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