Saiba qual é a relação entre problemas de ejaculação precoce e disfunção erétil

Ejaculação precoce tem a ver com disfunção erétil? Uma enfermidade pode levar a outra? Estas perguntas sempre aparecem nos consultórios urológicos e precisam ser devidamente diferenciados para que se consiga oferecer aos pacientes o tratamento adequado, pois, embora diferentes, uma condição sim pode levar a outra.

A ejaculação precoce é caracterizada pela incapacidade de evitar a ejaculação durante o ato sexual, de forma repetida, logo ao se iniciar a relação ou nos primeiros momentos, independente da vontade do homem de ejacular. Já a disfunção erétil é a incapacidade de manter uma ereção rígida o suficiente para a penetração durante um intercurso sexual, de forma repetida e sistemática, atrapalhando a vida sexual do casal. “Estes dois problemas, não raro, afetam o relacionamento do casal. Ambos têm tratamento”, explica o urologista Wagner Raiter. “Porém precisam ser identificados e tratados adequadamente”, acrescenta.  

Ejaculação precoce

Para ser considerada precoce, a ejaculação deve ocorrer quanto tempo após iniciada a relação sexual? Não há um tempo definido. Alguns trabalhos científicos estabelecem o tempo em 1 minuto; outros em dois ou imediatamente após a penetração. “De qualquer forma, seria uma ejaculação muito antes do momento desejado, levando o homem a um estado de desconforto consigo mesmo e com a parceira de forma recorrente, atrapalhando a vida sexual do casal”, afirma Dr. Raiter. No entanto, ressalta o médico, podem haver situações em que ocorra uma ejaculação rápida sem que o homem seja um ejaculador precoce. “Um homem que não tem relações frequentes e está há muito tempo sem manter uma relação sexual, pode ocasionalmente ter um quadro de ejaculação precoce”, assegura. 

Disfunção erétil

Se o homem apresentar um episódio de dificuldade em ter e manter uma relação sexual ele não é um indivíduo impotente. “Porém, se esta condição se repetir e estiver influindo negativamente no relacionamento do casal, então provavelmente esse homem estará desenvolvendo um quadro de disfunção erétil e deverá ser tratado de alguma maneira”, afirma o Dr. Raiter. 

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Ejaculação precoce e Disfunção erétil

O que a ejaculação precoce tem a ver com disfunção erétil? Para esclarecer, de maneira didática, o urologista recorre a três exemplos:

A é um rapaz de 18 anos, com um relacionamento estável, que não consegue segurar a ejaculação mais do que alguns segundos após a penetração vaginal, chegando mesmo a ejacular sem penetrar a parceira. Porém, mesmo ejaculando rapidamente na primeira relação, após alguns minutos está novamente com ereção rígida o suficiente para a penetração num segundo intercurso conseguindo segurar por mais tempo e assim ter uma relação mais satisfatória num segundo momento”;

B tem 38 anos e sempre teve ejaculação precoce na sua vida sexual, que se iniciou aos 18 anos. Hoje, no entanto, apresenta queixa de que não consegue ter e manter a ereção. Na verdade, ele sempre ejaculou rapidamente e até conseguia ter uma segunda relação em seguida, mas que nos últimos anos não consegue mais ter esta última. Ele imagina um quadro de disfunção erétil. Isso está atrapalhando o relacionamento com a sua parceira”;

C é um indivíduo de 65 anos de idade e há cinco anos tem tido dificuldade para ter e manter uma ereção. Se não ejacular logo, perde a ereção e não consegue terminar o ato sexual. Depois que ele ejacula não consegue mais ter uma ereção no mesmo dia, só conseguindo uma ereção novamente num outro dia, o que o incomoda muito e a sua companheira.

Embora os pacientes A, B e C apresentam o mesmo quadro de ejaculação precoce, eles são muito diferentes entre si. A linha de tratamento entre eles não é a mesma. O tratamento adequado para um não necessariamente vai trazer os mesmos resultados benéficos para o outro.

No primeiro caso, o paciente A, é ainda um jovem, está no início de sua vida sexual e tem muita energia e capacidade de recuperação da ereção própria de indivíduos jovens. Ele consegue uma nova ereção em questão de minutos, e como já ejaculou antes, consegue manter uma ereção mais prolongada dando tempo para sua parceira acompanhá-lo no ato sexual. Esse rapaz é um ejaculador precoce puro. Sua linha de tratamento deverá observar especificamente o quadro de ejaculação precoce. O tratamento consiste em orientações sobre como se comportar no ato sexual para tirar o máximo de proveito da situação de momento e eventualmente no uso de medicamentos que auxiliem a retardar a ejaculação para que sua primeira relação seja mais duradoura e satisfatória. A segunda relação então, seria um bônus. O uso de medicamentos nesse caso geralmente é por um intervalo mais curto de tempo, até que o paciente consiga encontrar um caminho que possa seguir em outras relações sem a necessidade de medicação.

No caso do paciente B, a ejaculação precoce sempre o acompanhou, mas ele nunca prestou atenção no problema pois conseguia ter uma outra ereção, como no caso de A, e podia satisfazer sua parceira na segunda relação. Mas a idade avançou, B já não tem mais 18 anos. Sua capacidade de recuperação já não é a mesma, ainda que seja um indivíduo com atividade física regular e alimentação saudável. B deveria ter sido tratado de ejaculação precoce quando ainda era um jovem de 18 anos, para que chegasse nesse estágio atual de sua vida sem o quadro que hoje tanto transtorno lhe traz. O enfoque no tratamento desse paciente deve ser tanto no quadro de ejaculação precoce, como no quadro de disfunção erétil, que está atrapalhando sua vida sexual. Provavelmente não conseguirá ficar livre de medicação, mas terá uma vida sexual ativa e saudável por muito tempo.

O paciente C usa a ejaculação precoce como um subterfúgio para não perder a ereção que é muito curta e conseguir ter prazer na relação sexual. Nesse caso a ejaculação precoce é uma maneira de contornar o problema de disfunção erétil que está surgindo talvez devido à idade ou às condições clínicas que acompanham o envelhecimento, como diabetes, hipertensão arterial, alterações no colesterol, triglicérides e ácido úrico ou pelo fato de ter fumado muitos anos de sua vida. Nesse caso, o tratamento da ejaculação precoce provavelmente não traria benefício para ele, talvez até o prejudicando mais, pois se retardar a ejaculação, ele não conseguirá manter uma ereção razoável para terminar o ato sexual. Contudo, se for tratado de seu quadro de disfunção erétil voltará a ter boas relações como tinha antes, com uma duração adequada para ele e sua nova parceira.

Portanto, a ejaculação precoce e disfunção erétil são coisas diferentes, mas que podem andar juntas e se unir para atrapalhar mais ainda a vida do homem. Mas são problemas que podem ser sanados ou então minimizados com vários tratamentos hoje disponíveis, como terapia comportamental e o uso de medicamentos antidepressivos que agem no quadro de ejaculação precoce, medicamentos disponíveis para tratamento de disfunção erétil na forma de comprimidos ou injetáveis, no uso de ondas de choque lineares ou eventualmente no uso de cirurgia de prótese peniana, a depender do caso.

O mais importante é que o homem que sofre desse problema procure um urologista. E que não se acanhe em perguntar qual seria o melhor tratamento para seu caso e porquê, pois assim estará participando ativamente e entendendo a dimensão de seu problema e os limites e expectativas do tratamento indicado para seu caso.


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