O mundo aumenta cortes de produção devido ao coronavírus

Refinaria de petróleo em Dongying, na província de Shandong, China© Reuters/Aizhu Chen Refinaria de petróleo em Dongying, na província de Shandong, China

Por Florence Tan e Nidhi C Sai e Jane Chung

CINGAPURA/NOVA DÉLHI/SEUL (Reuters) – Refinarias de petróleo do Texas à Tailândia se preparam para ampliar cortes de produção, impactadas por um choque sem precedentes na demanda à medida que mais países adotam quarentenas e restringem viagens para conter a disseminação do coronavírus.

Na Ásia, que abriga um terço da capacidade global de refino, a principal refinadora da Índia reduziu a produção em entre 25% e 30%, enquanto no Japão, Coreia do Sul e Tailândia unidades que já operam em ritmo reduzido avaliam mais cortes mesmo enquanto paralisam plantas para manutenção.

Diversas refinarias na Europa e nos Estados Unidos também cortaram produção desde a semana passada.

A China, que retomou sua economia após semanas de quarentena, é um ponto fora da curva, com o setor de refino mostrando sinais de recuperação em meio à queda no número de novos casos do vírus no país.

A demanda global por petróleo, no entanto, deverá cair em 18,7 milhões de barris por dia (bpd) em abril, ante queda de 10,5 milhões de bpd em março, disseram analistas do Goldman Sachs. O consumo anual deve cair em 4,25 milhões de bpd ante os níveis de 2019, acrescentaram.

“Tal colapso na demanda seria um choque sem precedentes para o sistema de refino global”, afirmaram os analistas.

Refinarias na Ásia estão agora perdendo dinheiro à medida que a demanda doméstica secou porque as pessoas estão ficando em casa, enquanto margens para exportações também não estão lucrativas.

Um complexo de refino em Cingapura pode perder 2 dólares para cada barril de petróleo que processar. As perdas podem chegar a 6 dólares por barril na produção de gasolina, segundo cálculos da Reuters.

Para piorar, algumas refinarias não têm conseguido aproveitar esse período para paradas de manutenção devido à falta de pessoal para as atividades devido a restrições de viagem impostas pelo vírus.

“O primeiro trimestre será o pior primeiro trimestre já visto em todos os tempos, uma vez que a produção de derivados de petróleo foi deficitária”, disse um representante da Associação de Petróleo da Coreia, Cho Sang-bum.