A pandemia de coronavírus não interrompeu a demanda por pratos congelados ou prontos — pelo menos na Liv Up. Mas os tempos de isolamento também trouxeram mais compras para cozinhar em casa.
O aplicativo de entrega de comidas não demorou para incluir a categoria entre seus produtos. Assim, a foodtech, ou startup de alimentação, mais do que dobrou de tamanho em 2020 e passou a marca de R$ 100 milhões em faturamento.
Para este ano, a Liv Up novamente busca mais do que dobrar os ganhos. A startup de alimentação terá a ajuda de R$ 180 milhões, vindos de uma série D captada com diversos investidores.
Em conversa com o Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, os executivos também listaram os próximos passos da Liv Up com o novo investimento.
De refeição congelada ao mercado em casa
A Liv Up foi criada pelos empreendedores Henrique Castellani e Victor Santos em 2016. Santos trabalhava no mercado financeiro, enquanto Castellani analisava projetos de infraestrutura.
Os dois enxergaram a oportunidade de usar a tecnologia para conscientizar brasileiros sobre alimentação saudável. “Sabíamos que as pessoas estavam cada vez mais se alimentando melhor que a digitalização transformaria diversos setores, incluindo a alimentação”, contou Santos em entrevista anterior ao Do Zero Ao Topo.
“Antes da pandemia, eu conversava com a indústria tradicional e ouvia que a digitalização da compra de alimentos nunca iria acontecer. Mas nossa vida já é multicanal: estamos com o celular na mão o tempo todo. Queremos levar uma experiência integrada ao consumidor.”
Essa “experiência integrada” é uma característica comum de empresas como a Liv Up, que seguem o modelo de negócios “direto ao consumidor” (direct to consumer, ou D2C). São negócios verticalizados e que nasceram na internet, dominando tanto a produção quanto a comunicação com os consumidores finais. Outro exemplo de negócio brasileiro com o mesmo modelo de negócio é a Amaro, no ramo de vestuário.
O aplicativo da Liv Up permite que consumidores peçam aperitivos e refeições com baixo carboidrato, sem glúten, vegetarianos ou veganos. As refeições podem ser congeladas ou de consumo imediato. A entrega de refeições congeladas é feita por 14 dark stores, ou mercados com portas fechadas.
Esses galpões atendem cidades como São Paulo, Campinas, Santos, São José dos Campos, Sorocaba, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Goiânia, Brasília, Fortaleza e Recife.
“Por termos um modelo direto ao consumidor, sabemos os endereços dos nossos usuários. Colocamos as dark stores em um ponto central, otimizando tempo e custo para nós e para os clientes”, diz Eisencraft.
A frente de pratos prontos para consumo ainda só funciona na cidade de São Paulo, por meio de quatro dark kitchens. As cozinhas de portas fechadas produzem pizzas e saldas para delivery. A Liv Up produz cerca de 500 mil refeições mensalmente, em uma cozinha de 8 mil metros quadrados.
Segundo Santos e Eisencraft, a pandemia não diminuiu o interesse por refeições congeladas ou prontas. As pessoas continuam precisando comer rapidamente algumas vezes — mesmo que estejam trabalhando em casa. Mas também cresceu o movimento contrário, de pessoas cozinhando mais e priorizando alimentos frescos e que gerem um impacto ambiental e social positivo.
Por isso, a Liv Up passou a também vender bebidas, carnes, laticínios, frutas, legumes e verduras. A entrega da categoria de “compras planejadas para a casa” é feita por uma dark store mais completa, por enquanto apenas na cidade de São Paulo.