Desde o momento em que o aplicativo notifica sobre uma nova corrida até o motorista de aplicativo decidir se aceita ou não, há um processo que envolve tempo e considerações. O motorista precisa avaliar diversos aspectos, como a localização, a competitividade do preço, o potencial retorno financeiro após o desconto das despesas com combustÃvel, entre outros. Há alguns anos, uma plataforma brasileira chamada StopClub vem auxiliando os motoristas de aplicativo nessa tomada de decisão. Lançada em 2017, ela oferece suporte nesse processo de avaliação.
Inicialmente, a plataforma auxiliava os motoristas de aplicativo na localização de lugares seguros para estacionar, fazer refeições e atender suas necessidades enquanto estavam em serviço. No entanto, durante a pandemia, o modelo de negócio foi ajustado e agora a empresa atua como um assistente para esses profissionais.
Por meio da StopClub, por exemplo, os motoristas podem avaliar se uma viagem oferecida vale a pena. A plataforma coleta dados como a distância, o valor da corrida e informações relevantes, como o consumo de combustÃvel e o preço do mesmo, apresentando tudo em um painel único para o motorista, que então decide se aceita ou não a corrida.
Até recentemente, a empresa operava exclusivamente no Brasil. No entanto, isso está mudando. Após um investimento de cerca de R$5,9 milhões em março, a StopClub está dando um passo adiante em sua expansão, ingressando nos Estados Unidos. O aplicativo já está operacional sob um novo nome: GigU.
Apesar da mudança de nome, as funcionalidades são as mesmas do Brasil, com Recusa Automática, Cálculos de Ganhos, Calculadora de Custos, Câmera de Segurança, entre outras. A empresa não abre faturamento, mas espera chegar ao fim do ano com cerca de 50.000 assinantes na modalidade premium.
Como a startup começou
A ideia foi concebida por dois amigos de longa data. Pedro Inada, que anteriormente trabalhava no mercado financeiro, em uma gestora de investimentos no Rio de Janeiro, onde gerenciava cerca de 1 bilhão de reais. Em 2013, Pedro decidiu deixar sua posição para fundar uma startup de marketplace de prestação de serviços. Embora o negócio não tenha avançado como esperado, proporcionou a Pedro valiosas lições no mundo do empreendedorismo.
Luiz Gustavo Neves teve uma trajetória profissional semelhante, mas na área jurÃdica. Ele trabalhava no setor tributário antes de também embarcar na jornada empreendedora em torno do mesmo perÃodo, em 2013. Sua primeira incursão foi na revitalização de uma área ociosa do Jockey Club no Rio de Janeiro.
Como funciona
Atualmente, com aproximadamente 230.000 usuários ativos no Brasil, a StopClub é um clube voltado para os motoristas de aplicativo, focando em duas áreas principais: segurança e rentabilidade.
No aspecto da segurança, a plataforma opera como uma rede social na qual os motoristas podem se conectar, compartilhar suas localizações e detalhes de viagem, além de informar seus destinos. Além disso, o aplicativo transforma o dispositivo do usuário em uma câmera de segurança.
Quanto à rentabilidade, a StopClub oferece uma calculadora de ganhos e outra de custos. A calculadora de ganhos fornece informações sobre quanto o profissional pode esperar ganhar por hora ou por quilômetro rodado em uma corrida, permitindo que recuse automaticamente aquelas que não atendem à s suas expectativas. Já a calculadora de custos ajuda os usuários a entenderem seus gastos e a calcular o ganho lÃquido real com base no número de horas trabalhadas e na distância total percorrida.
Faturamento
Para os interessados em adquirir benefÃcios adicionais, existe uma opção premium disponÃvel por R$79,90 por mês. Contudo, a maioria das funcionalidades está igualmente acessÃvel na versão gratuita. O faturamento principal não provém diretamente dessa modalidade premium, mas sim de outro serviço oferecido pela empresa: um marketplace de produtos direcionados aos motoristas.
Dentro desse mercado, são disponibilizados serviços como seguros, consórcios e créditos, e a plataforma obtém uma comissão sobre as vendas realizadas. Entre as marcas atualmente presentes na plataforma estão o consórcio Mycon, a seguradora Iza e uma oferta de crédito do Santander através da startup mexicana Bankuish.
Desafio para a Uber
A funcionalidade de recusar automaticamente viagens não agradou à gigante das corridas, a Uber. No ano passado, as duas empresas se envolveram em uma batalha legal sobre se os motoristas poderiam ou não utilizar a plataforma da StopClub.
A Uber argumentou que a plataforma violava seus termos de uso, que estipulam restrições quanto ao uso de automação para tarefas que deveriam ser realizadas por humanos, como aceitar ou recusar uma corrida. Além disso, a empresa de tecnologia afirmou que houve violação da privacidade de dados e práticas concorrenciais desleais por parte da startup carioca.