A polícia vai indiciar por dois crimes a guia de turismo, o motorista e os donos da agência que promoveram o passeio em que a turista espanhola foi morta, na Rocinha, na Zona Sul do Rio, há uma semana. Durante o passeio, a espanhola Maria Esperanza Jimenez Ruiz morreu após ser tingida por um tiro de fuzil enquanto fazia um passeio pela Rocinha.
Nesta segunda (30), a guia foi ouvida na delegacia pela segunda vez e, após isso, a delegada Valéria Aragão informou que indiciará os suspeitos com base no crime do código de defesa do consumidor, que diz respeito a omissão de informações de segurança às pessoas, mas também pelo crime do código penal que é expor a vida de alguém a um perigo iminente.
Neste segundo depoimento, a guia Rosangela Cunha desfez a contradição ao depoimento que ela tinha dado na primeira vez em relação ao do guia de turismo local e morador da Rocinha.
Na primeira vez a guia disse que falou com o guia Leonardo ao telefone e ele teria aconselhado a ida à Rocinha, mas nesse segundo depoimento ela disse que havia ruídos na comunicação e que entendeu apenas que eles fossem juntos ao Vidigal. A contradição foi desfeita, mas Rosangela admitiu que não falou para o grupo de turistas o que estava acontecendo na Rocinha com relação aos riscos nos últimos 40 dias na comunidade.
“Eu acredito que todas as pessoas que mantiveram esse passeio, que não só escolheram o passeio, mas cobraram por ele e levaram os turistas até a localidade Rocinha, devam responder também pelo crime do artigo 132 do código penal, que é expor outra pessoa a perigo de vida”, afirmou Valéria Aragão.
O corpo da turista foi velado e cremado no domingo (29) na cidade de Porto de Santa Maria, no sul da Espanha. Durante o velório, um dos irmãos da vítima negou que o carro onde ela estava tenha furado um bloqueio policial. “Todo mundo do carro disse a mesma coisa. Havia muitos policiais na rua, mas absolutamente nenhum bloqueio”, disse Humberto Jimenez.
Clima ainda é tenso na Rocinha
Na tarde de domingo (29), um suspeito morreu numa troca de tiros com policiais do Batalhão de Choque. Os PMs disseram que, com ele, encontraram uma arma. A polícia acredita que o homem morto seja do bando de Rogério 157. Os policiais também apreenderam carregador, munição e drogas.
No sábado (28), mais confrontos. Dois mototaxistas ficaram feridos. A família acusa os PMs do Batalhão de Choque. A irmã de uma dos atingidos disse que imprensaram o irmão dela na parede com o carro e que ele levou um tiro na perna. Ederson Andrade Mendes, de 26 anos, está em estado grave.
Houve protesto em frente ao hospital onde eles foram socorridos e também na Autoestrada Lagoa-Barra. Assustados, motoristas voltaram na contramão. A polícia usou bombas de gás para afastar os manifestantes.
A PM diz que os mototaxistas não obedeceram a uma ordem de parar do Batalhão de Choque e se envolveram num acidente com o carro dos policiais.
Há mais de um mês, os moradores da Rocinha vivem sob forte tensão. As quadrilhas do traficante Rogério 157 e do Nem disputam o comando da venda de drogas, na favela.
Foto: Reprodução
Fonte: G1