Grande defensor do controle de gastos públicos, o secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles, não tem dúvida de que é hora do governo federal aumentar fortemente suas despesas para conter o impacto do coronavírus sobre a saúde e a economia.
Em entrevista à BBC News Brasil, ele diz que isso deve ser feito inclusive com a impressão de dinheiro pelo Banco Central (BC) e com a captação de recursos pelo Tesouro Nacional por meio da emissão de dívida.
“O Banco Central tem grande espaço de expandir a base monetária, ou seja, imprimir dinheiro, na linguagem mais popular, e, com isso, recompor a economia. Não há risco nenhum de inflação nessa situação”, disse.
Presidente do BC durante a crise financeira internacional de 2008, no governo Lula, Meirelles diz que turbulência atual é mais imprevisível por depender da duração da pandemia. Ele, que há duas semanas, acreditava em uma retração do PIB brasileiro de 3% em 2020, agora já espera queda de mais de 5%.
Embora apoie a emissão de moeda e o aumento de dívida, Meirelles não abraça a proposta de vender parte das volumosas reservas internacionais que o Brasil começou a acumular justamente quando ele presidia o BC, pois considera que elas são um importante seguro para o país.
A venda é defendida por alguns economistas porque a reversão das operações para compra das reservas em dólar reduziria o endividamento público, compensado o aumento da dívida para custear o pacote anticrise.
Meirelles, porém, diz que é melhor deixar o endividamento subir, mesmo que possa sair do atual patamar de 76% do PIB para próximo de 90%.
“Olha, dos males o menor. Qual é a alternativa (ao aumento de dívida)? A alternativa é um colapso econômico”, alerta.
Por: BBC NEWS