Após reduzir fôlego, Bolsa recupera ritmo e repõe perdas; dólar se mantém acima de R$ 5

Moeda americana vem batendo recordes consecutivos de alta. © JF Diorio/ Estadão Moeda americana vem batendo recordes consecutivos de alta.

Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, está cheia de “sobe e desce” nesta terça-feira, 17, seguindo a tendência dos últimos dias, que apresentam forte instabilidade nos mercados mundiais. Às 13h26, o Ibovespa, principal índice do mercado no Brasil, crescia 7,25%%, aos 76.325,69, puxado muito por uma atitude do Federal Reserve (Fed, na sigla em inglês), o banco central americano, que injetou novas medidas de estímulo na economia. Mas, ainda assim, o clima é de cautela, depois da primeira morte por coronavírus no Brasil ser confirmada.

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As Bolsas dos Estados Unidos também ampliaram os ganhos nos negócios da última hora. A aceleração ocorreu ao mesmo tempo em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchi, deram mais detalhes sobre as ações do governo americano para combater os efeitos econômicos do coronavírus.

Trump disse que todos os estados americanos estão preparados para os testes do vírus e que o governo dará suporte a pequenos e médios empresários. Afirmou ainda que a receita federal não cobrará juros e multas pelo período de 90 dias e que republicanos e democratas estão fazendo um trabalho coordenado contra o coronavírus. Já Mnuchin afirmou que o Federal Reserve está liberando US$ 1 trilhão em commercial papers e que o pacote de emergência para sustentar a economia americana será de US$ 850 bilhões. O secretário do Tesouro disse que a atual crise é pior que o 11 de setembro para o setor aéreo. Segundo ele, a ideia é deixar os mercados abertos, mas há chance de os pregões serem abreviados.

Mais cedo, o cenário da primeira morte, somado a uma fala de um dos presidentes de sede estadual do Fed contrária à medida de redução de taxas de juros nos EUA, que caíram para o menor patamar desde 2008 (entre 0,25% e 0%), havia sido o suficiente para fazer a Bolsa perder o ritmo.

Já o dólar, que possui uma valorização superior a 20% em 2020 e, na segunda-feira, 16, fechou, pela primeira vez na história, acima de R$ 5, cotado a R$ 5,05, abriu as negociações desta terça-feira, 17, a R$ 5,04, um leve recuo de cerca de 0,08% em relação ao dia anterior.

Quando o cenário estava mais volátil, a moeda americana chegou a ser cotada a R$, 5,08, maior valor nominal – descontada a inflação – desde o surgimento do Plano Real. Às 12h59, porém, seguindo um mercado tendendo a um cenário menos caótico, a cotação era de R$ 5,02, uma queda de 0,57% em relação ao dia anterior. Mesmo assim, nesta terça, a moeda americana não caiu do patamar de R$ 5. Nas casas de câmbio, segundo levantamento do Estadão/Broadcast, o dólar turismo é cotado entre R$ 5,19 e R$ 5,26.

Ações

Apesar da volatilidade vista ao longo da manhã, o otimismo prevaleceu no final da primeira parte dos negócios, com as ações da Vale em alta de 10% e bancos com ganhos robustos depois que o Federal Reserve (Fed) anunciou um instrumento de financiamento “Commercial Paper” para apoiar o fluxo de crédito para pessoas e empresas, enquanto a Espanha anunciou plano de 200 bilhões de euros para conter o impacto do novo coronavírus. Há pouco, Bradesco PN ganhava 7,66% e Itaú Unibanco PN subia 6,34%.

No caso da Vale, o papel já vinha com impulso em meio a um cenário mais estável para o minério de ferro e após o Citi elevar a recomendação do papel de neutra para compra. Enquanto isso, as ações ON de CSN ganham 5,28%. Já Petrobras se firmou em alta de 5,10% (ON) e 3,59% (PN), após oscilar mais cedo com a queda do preço do petróleo, depois de o Goldman Sachs cortar projeção do preço do petróleo Brent de US$ 30 para US$ 20 por barril no 2º trimestre de 2020.

Contexto mundial

Os mercados internacionais começaram o dia em cenário de pânico global, provocado, principalmente, pelas incertezas causadas pelo novo coronavírus, causador da Covid-19, como tem sido nos últimos dias. Como os investidores não sabem quais serão, efetivamente, os impactos totais da pandemia, já que estamos vendo ainda o início de todo o processo, há uma apreensão generalizada, mesmo com medidas de estímulos sendo tomadas por bancos centrais de todo o mundo.

Bolsas da Europa e Américas fecharam em queda na segunda. Nesta terça, a Europa abriu com uma leve tendência de recuperação, mas logo em seguida “inverteu o sinal” e passou a cair de forma generalizada. Mas, seguindo o “sobe e desce” mundial, por volta das 12h, os mercados europeus seguim com altas tímidas em relação ao fechamento do dia anterior, com exceção de Bélgica e Suécia, queGrécia têm queda, e Suíça, que não está com o mercado aberto.

Na Ásia, mesmo com algumas Bolsas ensaiando recuperação após os tombos de segunda-feira, 16, China Coreia do Sul não conseguiram impedir que seus mercados sofressem perdas nesta terça-feira, 17. O índice de Xangai, chinês, encerrou o dia com queda de 0,34% em relação ao fechamento do dia anterior, aos 2.779,64 pontos, o menor patamar desde o início de fevereiro deste ano. Na Coreia do Sul, o recuo foi um pouco maior, de 2,47%, aos 1.672,44 pontos. Em Taiwan, a queda também foi expressiva, chegando, ao final do pregão, em (-2,86%). / SILVANA ROCHA, LUCIANA XAVIER E FELIPE SIQUEIRA 

Estadão Conteúdo