Como se preparar financeiramente para carreiras de curta duração?

É comum muitos atletas se vislumbrarem com a quantidade de dinheiro que ganham enquanto ainda estão na ativa, muitos atletas conseguem equilibrar a vida financeira, construir patrimônio, controlar gastos e até realizar investimentos. Mas, não são poucos os que enfrentam dificuldades para administrar os ganhos e manter uma vida tranquila depois.

No futebol brasileiro, não faltam exemplos de ídolos que tiveram grandes  prejuízos. De Mané Garrincha,  Perivalto, Adriano (o Imperador), Zé Elias, até o capitão do penta Cafú. Craques que marcaram gerações e que conquistaram muito com o esporte, mas que também perderam tudo ou boa parte de seus bens.

Segundo o consultor financeiro e especialista em planejamento financeiro de atletas da Fit Finance, Claudio Rodrigues, cerca de 70% dos atletas de carreira curta não se preparam financeiramente para o final de suas carreiras. Isso ele tem visto na prática. Mas, de acordo com o especialista, o dinheiro não é o problema, mas sim a falta de educação financeira.

“Por serem condicionados a rotina dos clubes, treinos e viagens, muitos atletas não têm tempo para gerir os ganhos, nem sequer administrar suas próprias contas – que não são poucas.  Por conta disso, não “sentem” o dinheiro saindo da conta ou fazendo diferença no orçamento. Isso resulta na falta de clareza sobre ganhos, gastos e responsabilidades financeiras”, explica.

Uma nova jogada

Claudio resolveu explorar esse nicho e desenvolveu um modelo de planejamento específico para atletas de carreira curta. São eles esportistas de alto rendimento que encerram a carreira mais cedo em relação às outras profissões. No futebol, por exemplo, os jogadores tendem a se aposentar na casa dos 30 anos.

Além de estudar diversos cases, realizar cursos de gestão em clubes e conversar com diversos atletas, Claudio se dedicou em analisar esse segmento no detalhe, ao todo foram 3 cursos além de mais de 500 horas de estudos independentes.

“Convivendo com alguns atletas, pude detectar problemas comuns que não são percebidos por eles no dia a dia, mas que futuramente podem resultar em grandes prejuízos. Uma delas é que muitos iniciam suas vidas profissionais já como atletas, por isso não fazem um plano financeiro e profissional para o pós carreira. Para muitos deles, a saída seria empreender em algo, mas não planejam seus investimentos e habilidades para que isso aconteça. E claro, ingressar no mercado de trabalho tradicional pode ser uma dificuldade após a vida de atleta, já que não tiveram outra experiência além do esporte. Esse é apenas um dos muitos problemas financeiros que atletas podem enfrentar depois da carreira”, acrescenta.

No Brasil, quase metade dos jogadores recebem até um salário mínimo por mês, mais precisamente 45%; outros 42% obtém vencimentos entre um e dois salários mínimos, ao passo que apenas 9% recebem entre dois e vinte salários, de acordo com um estudo apresentado no curso FVG/FIFA.