O ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, afirmou que o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu demissão da pasta por uma decisão de “foro íntimo”. “O ministro Teich saiu por questões de foro íntimo. São posições diferentes. O presidente não ignora a ciência, ele segue os protocolos. Ele tem uma visão diferente [sobre] qual é o protocolo a ser seguido e a questão do ministro Teich é uma questão realmente de foro íntimo”, apontou.
O ministro da Secretaria do Governo, Luiz Eduardo Ramos, endossou o motivo da exoneração a pedido. “O general Pazuello vai ficar interino e está tocando o ministério. Como disse o ministro Braga Netto, conversei com o ministro Nelson Teich e ele estava sereno, decisão de foro íntimo. Aliás, ele na coletiva falou ‘a vida é feita de escolhas’ e ele escolheu sair, simples assim”, disse Ramos.
Também presente na coletiva, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que é normal o pedido de demissão quando ocorrem divergências entre o presidente e o ministro.
“Se tem um presidente que tem uma orientação e o ministro tem outra, quem tem voto é o presidente. Então, quem sai é o ministro. Isso é absolutamente natural, não há nada de anormal. O anormal seria sair o presidente porque o ministro quer fazer o que o presidente não quer”. Segundo Guedes, a rotatividade no governo Bolsonaro é muito menor do que a de ‘governos anteriores’.
Centrão
Um dos líderes do Centrão, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP) divulgou uma nota criticando os “impulsos” do presidente Jair Bolsonaro na condução da crise do novo coronavírus, que levaram ao pedido de demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich. No Congresso, representantes do grupo já afirmam, nos bastidores, que será muito difícil apoiar Bolsonaro em meio à queda de popularidade. Em outra frente, no entanto, partidos como o PL também intensificaram as negociações para ocupar pastas no Ministério da Saúde.
“Saiu quem não tinha entrado. Nesta sexta, 15, o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração do cargo, mas, não sei se alguém percebeu, já não fazia diferença”, disse Paulinho da Força, como é conhecido o deputado, que preside o Solidariedade. Após afirmar que Teich era constantemente desautorizado por Bolsonaro, Paulinho partiu para o ataque ao chefe do Executivo. “Duvido que alguém consiga fazer o presidente aprender com a ciência e perceber que reduzir o isolamento social é colocar mais brasileiros na fila de espera por uma vaga na UTI. O Brasil precisa de liderança, mas vai ser difícil encontrar um ministro que seja capaz de lidar, ao mesmo tempo, com a crise sanitária e com os impulsos de Jair Bolsonaro.”
